SE/MASF e a DSPC/DRAC: A FLOR E A CIDADE (I)

Pontualmente, e desde o ano lectivo de 2007/2008, o Serviço Educativo (SE) do Museu de Arte Sacra do Funchal (MASF) tem desenvolvido actividades educativas em parceria com o Serviço Educativo da Direcção de Serviços do Património Cultural (DSPC) da Direcção Regional dos Assuntos Culturais (DRAC).

 I PARTE

1 - Breve enquadramento do projecto da DSPC da DRAC: PATRIMÓNIO NAS ESCOLAS.

O projecto educativo da DSPC visa a promoção, valorização e estudo do património regional junto das escolas da Região Autónoma da Madeira na perspectiva de integrar e complementar os ' conteúdos e objectivos programáticos das diferentes disciplinas e áreas não curriculares dos 2º e 3ª Ciclos do Ensino Básico e do Ensino Secundário' (DSPC, 2008, p.2).
Para o efeito, lançou um conjunto de roteiros temáticos (Veja o site do Culturreg para conhecer e explorar os roteiros disponíveis ) transversais no cruzamento de várias referências ao património cultural e às instituições culturais responsáveis pelo seu estudo, conservação e divulgação, na cidade do Funchal, onde está incluído, naturalmente, o Museu de Arte Sacra do Funchal.

No início de cada ano lectivo, os responsáveis pelo Serviço Educativo da DSPC dirigem-se às escolas no intuito de apresentar à comunidade docente o projecto " Património nas Escolas".
Os professores interessados escolhem um dos temas dos roteiros para o trabalharem com os seus alunos na disciplina de Área de Projecto - o que pode dar origem, consoante a gestão e articulação curricular feita pelos professores, a situações de interdisciplinaridade, como veremos mais adiante.
Depois da escolha chega ao momento de agendar uma nova formação/apresentação do projecto, desta vez, aos alunos.
Assim, os responsáveis do SE da DSPC dirigem-se novamente às escolas e mostram o powerpoint que articula património imóvel e móvel, os conceitos essenciais à compreensão do tema a ser trabalhado pelos alunos e onde se explana, ainda, as etapas restantes a percorrer na elaboração dos trabalhos neste projecto.
Posteriormente, os alunos são organizados em pequenos grupos e responsabilizam-se pela pesquisa mais aprofundada de determinados temas dentro do roteiro e a realização final de um trabalho teórico sobre os componentes do projecto.
A DSPC  disponibiliza para consulta dos alunos, todo o material bibliográfico necessário à compreensão dos temas em exploração.
Após a realização destes trabalhos teóricos é agendada uma visita de estudo a alguns dos locais presentes no roteiro.
Desta forma, cumpre-se o objectivo de contacto directo com o património. Em função desse envolvimento com os objectos reais , procede-se, ainda, à recolha de outros elementos/informações que servirão de base de inspiração para a realização de um trabalho plástico final.

2 . Parceria do SE do MASF com a DSPC/DRAC.

É no contexto de um destes roteiros, A Flor e a Cidade, que o Serviço Educativo do MASF se associou à DSPC, dinamizando, através das suas colecções, actividades de natureza educativa: artística e patrimonial.

Fig.1 - Pormenor do roteiro " A flor e a Cidade". Neste mapa pode-se ver a numeração dos monumentos sugeridos para o percurso. (Para conhecer em pormenor clique aqui).


O património da cidade a ser explorado mediante o pretexto temático da flor,  é apresentado no roteiro da seguinte forma:

A representação da flor e de uma vasta iconografia naturalista enquadra-se na decoração de determinados elementos estruturais da arquitectura religiosa, na pintura e ornamentação dos tectos em madeira e em estuque, na azulejaria e, em especial, nas artes decorativas, nomeadamente nas produções de talha, surgindo associada a uma vertente de representação, por vezes, simbólica ou realista.
Na arte manuelina, as alcachofras prevalecem como um dos motivos mais utilizados e “parece tratar-se de um símbolo de regeneração, uma vez que depois de queimadas tornam a florescer, sendo por consequência sinónimo da Ressurreição de Cristo.”
No Renascimento e no Maneirismo, entre os séculos XVI e meados de XVII, a flor estilizada, os arabescos e as folhas de acanto ganham relevo e estendem-se à decoração dos tectos e da talha dourada. Na azulejaria difundem-se vários motivos vegetalistas e um padrão chamado “camélia”. Em finais do século XVII, a teatralidade do Barroco insere a iconografia da flor em composições dinâmicas de vasos floridos, festões e grinaldas, enquanto que as folhas de acanto preenchem de forma profusa diversos componentes dos retábulos e cenários da azulejaria. No Neoclássico e no Romantismo a natureza faz-se representar com maior intensidade e de maneira mais real. O potencial decorativo das flores mantém-se como fonte de inspiração artística e repercute-se a nível regional, dado o interesse pela divulgação da botânica e flora madeirense, até à primeira metade do século XX.


2.1 . Início da programação, os intervenientes e destinatários das actividades. 

Um dos trabalhos de parceria realizado entre os Serviços Educativos da DSPC e DRAC este ano lectivo de 2019/2010, teve como destinatários um grupo de 25 alunos do 7º ano, turma 2, da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos dos Louros, no Funchal.
A adopção deste projecto por parte das professoras Paula Alves e Idalina Dias surgiu como mote de trabalho para um encontro interdisciplinar entre a Área de Projecto e a Educação Visual.

De forma a conhecer os interesses curriculares específicos ao nível de conteúdos das disciplinas que promovem este encontro com o património e a arte, o Serviço Educativo do MASF entrega uma ficha onde as professoras preenchem, com alguma antecedência, os pontos programáticos a serem explorados na visita, bem como os pontos de articulação que estes devem ter com algumas das competências a atingir pelos alunos, no ciclo de ensino em questão.
Servem estas informações para um enquadramento dos supostos conhecimentos já adquiridos, ou em aquisição, pelo grupo que nos visita.
O SE/MASF pode, assim, articular com alguma autonomia as suas actividades próprias enquadradas na sua missão educativa, com o roteiro proposto e a especificidade do grupo escolar em questão.

Reproduz-se no esquema seguinte as informações preenchidas pelas docentes na ficha preparatória da visita ao MASF:
________________________________________________________________
Disciplinas intervenientes:
Área de Projecto e Educação Visual
_________________________________________________________________
Conteúdos:
- História do Azulejo em Portugal nos séculos XV, XVI; XVII, XVII; XIX e XX;
- Azulejaria Portuguesa na Madeira;
- A flor como elemento decorativo do azulejo;
- O módulo e o padrão: As técnicas da repetição, simetria ou irradiação;
- A cor e as harmonias cromáticas;
- Princípios da organização formal.
_________________________________________________________________
Objectivos e competência a atingir:
- Relacionar o tema do projecto da turma com o tema do património;
- Desenvolver a iniciativa e a criatividade;
- Incentivar o espírito crítico e de pesquisa;
- Pôr em prática a metodologia de trabalho de projecto;
- Desenvolver as vertentes de pesquisa e intervenção promovendo a articulação de várias áreas do saber.

Seguidamente, exporemos os diferentes momentos que organizaram o trabalho realizado pela turma, desde a visitas de estudo ao património até ao trabalho final apresentado. 

Sem comentários:

Enviar um comentário