DIA DA IMACULADA CONCEIÇÃO 08 de Dezembro.

Figura 1 - Pormenor  da escultura de Nossa Senhora da Conceição do século XVIII, em exposição na sala 7 do primeiro andar do Museu de Arte Sacra do Funchal.

Comemora-se hoje, dia 08 de Dezembro, a festa da Imaculada Conceição.

As celebrações desta festa remontam ao século XI na Inglaterra e Normandia e há registos de que no século XIII os franciscanos celebravam  festas em sua honra.  Após épocas de grande conturbação religiosa que puseram em causa e concepção imaculada da virgem , o dogma é proclamado pelo  Papa Pio IX a 8 de Dezembro de 1854.

Em Portugal a festa da Imaculada Conceição de Maria é vista como um traço característico do catolicismo português, que firmou raízes na devoção popular do século XVI. Na verdade, Nossa Senhora da Conceição ganhou grande importância no nosso país sendo declarada padroeira de Portugal por D.João IV no século XVII, dando origem ao feriado nacional que hoje se comemora em sua honra.

Quadro 1 - Apresentação de 4 esculturas do Museu de Arte Sacra do Funchal com representações de Nossa Senhora da Conceição desde o início do século XV até o século XVIII.

No campo artístico, as várias representações que começam a aparecer nas igreja portuguesas a partir do século XVI, apresentam a  figura de Maria como a mulher ideal, sem pecado, uma visão ideal da História, que põe a serpente e o dragão, o mal, debaixo dos seus pés […] com as metáforas bíblicas, que projectam sobre ela tudo o que há de belo, os astros, as estrelas, o sol. Ela aparece rodeada, muitas vezes, com estes símbolos que, no fundo, são a beleza da criação. Maria é o cume dessa beleza […] a flor que está no cimo da árvore de jessé […] que se prolongou até Jesus.

No Museu de Arte Sacra do Funchal é possível observar algumas esculturas que representam Nossa Senhora da Conceição (Ver quadro 1). Através da comparação estética e formal destas obras o Serviço Educativo do Museu de Arte Sacra do Funchal propõe, como sugestão posterior ao feriado de hoje, uma visita à colecção do museu.
Sugere-se a exploração das seguintes questões em torno das representações da Senhora da Conceição existentes na colecção:

1 Das representações reproduzidas no quadro 1 e expostas nos diversos andares do MASF, qual a mais antiga? 
2 Que elemento aparece representado em todas as virgens?
3 Que elementos simbólicos e metáforas aparecem representados nestas esculturas?
4 A partir de que século começa a Imaculada Conceição a ser representada sem menino Jesus nos braços ou colo? Porque?
5 À medida que os séculos avançam que diferenças se notam ao nível da representação anatómica da virgem?
6 Que semelhanças e diferenças existem entre a Nossa Senhora da Conceição da figura 1 e da figura 4 ?
7 Qual a origem das oficinas de produção das esculturas? O local terá sido determinante para a configuração estética das obras em análise? E o contexto temporal que lhes deu origem?
8 Que materiais e técnicas foram utilizados?
9 Que relação existe entre o desenho, a pintura e a escultura nas obras apresentadas?
10 De que forma estas quatro esculturas ajudam-nos a perceber as nossas origens e características culturais?

Dia da Educação Artística | 29 de Outubro de 2010
































A comemoração do Dia da Educação Artística foi proposta pela Comissão Nacional da Unesco a 29 de Outubro de 2007, na sequência da I Conferência Mundial de Educação Artística em 2006 e da Conferência Nacional de Educação Artística em 2007.
Assinalar este dia é lembrar o lugar das artes na educação como contributo fundamental para a formação integral dos indivíduos; a construção de identidades pessoais, sociais e culturais; o desenvolvimento da coesão social e da não-violência, do trabalho em equipa, da criatividade; a melhoria das capacidades de aprendizagem e para a promoção de uma educação de qualidade para todos.
Para assinalar esta data, o Serviço Educativo do Museu de Arte Sacra do Funchal elaborou um programa específico para decorrer entre os dias 29 e 30 de Outubro.

A experiência de contemplação da paisagem representada na arte é diferente da experiência da paisagem ao natural?
Para problematizar esta questão, as actividades propostas no domínio das Artes Visuais, partem de uma observação contextualizada de uma selecção de obras da colecção do Museu de Arte Sacra do Funchal. Estas actividades são posteriormente lançadas no confronto com a actualidade do contexto geográfico onde o museu se insere. Para o debate importa referir os mais recentes acontecimentos na alteração e fragilização da paisagem natural da Ilha, sensibilizando para a preservação, prevenção e recuperação da natureza.
No alinhamento do programa prevê-se ainda a reflexão sobre as obras e o contributo de alguns artistas plásticos contemporâneos na abordagem realizada às várias dimensões da nossa paisagem natural ou os problemas que a ameaçam.

Programa:
DIA 29 DE OUTUBRO (SEXTA FEIRA): Visita orientada + debate.

. Visita à colecção do 1º e 2º andar do MASF para abordagem de alguns tipos de representação da paisagem e os vários papéis que esta desempenha nas obras seleccionadas. Que relações, de proximidade ou distância, existem entre as paisagens representadas na pintura com a paisagem madeirense?
. Subida à torre ‘Avista - Navios’ para observação panorâmica da cidade e do actual estado das serras, a norte.
. Projecção de imagens de obras de alguns artistas plásticos contemporâneos seguida de debate sobre o contributo da arte contemporânea para a reflexão sobre a ecologia e a preservação ambiental.

Duas sessões. Manhã: 10:00h às 12:00h ou Tarde: 14:30h às 16:30h
Destinatários: Aberto ao público em geral mediante inscrição na recepção do museu até dia 28, sujeita a um número máximo de 25 pessoas em cada um dos grupos, por sessão.

DIA 30 DE OUTUBRO (SÁBADO): Visita orientada + Oficina

. Visita às colecção do 1º e 2º andar para abordagem da representação da paisagem em algumas obras seleccionadas.
. Oficina na torre ‘Avista – Navios’: pretende-se a realização de exercícios de criação e expressão plástica subordinados ao tema da paisagem, assente na análise de alguns trabalhos de artistas plásticos contemporâneos e observação directa das serras da cidade do Funchal.

Duas sessões. Manhã: 10:00h às 12:30h ou Tarde: 14:30h às 17:30h
Destinatários: Aberto a alunos do 3º Ciclo e Secundário, mediante inscrição na recepção do museu até dia 28, e sujeito a um limite máximo de 17 pessoas em cada um dos grupos, por sessão.

MASF e a DSPC/DRAC: A FLOR E A CIDADE (III)

Figura 1 - A turma no contexto da sala de aula da disciplina de Educação Visual.

Depois de termos visto a parte I e a parte II deste projecto educativo realizado em parceria entre instituições, exporemos aqui a continuação da actividade realizada no contexto escolar.
Assim, na escola Básica dos 2º e 3º Ciclos dos Louros, no Funchal, foi dado início ao projecto artístico colectivo que consistiu na realização de um painel cuja composição final tinha como objectivo a organização e a junção dos trabalhos desenvolvidos, individualmente, por cada um dos alunos, num painel colectivo final destinado à colocação numa das paredes da sala de aula. 

O trabalho individual partiu da exploração do desenho retirado do painel de azulejaria do MASF, segundo as orientações fornecidas na folha de trabalho.
Nesse seguimento, o pormenor recolhido serviu como módulo para, através das técnicas de repetição, simetria ou irradiação, os alunos criaram o seu padrão.
Posteriormente, aplicaram aos seus desenhos a teoria da cor, experimentado as harmonias cromáticas e outros aspectos como o contraste entre cores quentes e cores frias.

Figura 2 - Um aluno completando a grelha da folha de acordo com a repetição do módulo.
Figura 3 - Um aluno finalizando, com desenho a grafite, o seu padrão que, por sua vez,  é resultante da rotação do módulo por si escolhido.
Figura 4 - Uma aluna fazendo o estudo de cor depois de ter estabelecido a composição final do seu padrão. 
Figura 5 - Estudo de cor de um padrão quase finalizado. 

Durante as aulas seguintes, o trabalho prático de desenho apresentado nas imagens anteriores, evoluiu para o exercício da pintura.
Cada aluno transferiu o seu desenho para uma tela de 30x30 cm e trabalhou-o segundo a técnica da pintura a acrílico. 
À medida que os padrões eram pintados simulou-se, algumas vezes (Figura 14) a composição final do painel. Os alunos poderiam, assim, perceber que os trabalhos que estavam a desenvolver separadamente, seriam convocados num trabalho colectivo final, cuja composição dependeria muito de questões de harmonia entre o todo e a parte e outros conceitos como o de peso visual e outros princípios de organização formal.
 
Figura 6 - Estudo de cor de um padrão e a passagem do desenho do padrão para a tela.
Figura 7 - Uma aluna a pintar a sua tela. 
Figura 8 - Uma outra aluna pintando a sua tela. Nota-se a predominância das cores quentes neste trabalho.
Figura 9 - Duas alunas trabalhando nas sua telas.
Ao contrário do trabalho reproduzido na figura 8, estas telas estão pintadas com a predominância de cores firas e complementares. 

Figura 10 - Um aluno a esfumar a tinta utilizando a ponta de um pano de limpeza. 

Figura 12 - Composição de uma tela em processo de trabalho. Note-se que a repetição do módulo deu-se por rotação e originou uma forma dinâmica de grande simetria. 
Figura 13 - Na composição do padrão desta tela consegue-se identificar uma certa reminiscência da figuração barroca do painel de azulejaria do Museu de Arte Sacra do Funchal de onde o módulo partiu. 
Figura 14 - Ensaio da composição do painel colectivo, em cima de duas mesas da sala de aula.

Em toda esta fase de trabalho na sala de aula os alunos estiveram ocupados numa criação plástica bidimensional. Grande parte dos conteúdos explorados na sala de aula prenderam-se com questões de composição formal, estudo da cor e introdução à técnica da pintura acrílica.

A fase final deste projecto será exposta no próximo post e consiste numa reflexão final que englobará todas as fases pela qual o grupo-turma passou durante o projecto colectivo e as as possíveis relações analógicas com a arte contemporânea, pela via do processo de trabalho implícito a este projecto. 
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Créditos fotográficos:
Figuras 1; 5 a 14 - Martinho Mendes
Figuras 2, 3 e 4 - Valéria Salgueiro